Quem te inspirou para ser quem você é?

Quem te inspirou para ser quem você é?

Quem te inspirou para ser quem você é?

Havia uma brincadeira na minha infância que era muito divertida. Chamava-se “Siga o Líder” e consistia em que todos os colegas deveriam ficar em uma fila ou em uma roda e alternavam-se o papel de quem assumia a liderança. O líder, por sua vez, fazia movimentos, caretas, pulava, girava o corpo, levantava uma das mãos, imitava algum animal, produzia sons, agachava ou dançava e todos os outros deveriam imitar o que o “líder” estava fazendo.

Curiosamente, em nossa vida, sem esse propósito da diversão, conscientemente ou não, passamos a imitar algumas pessoas que se tornaram nossos modelos em algum segmento da vida. Pode ser a imitação do nosso pai ou nossa mãe, algum artista ou professor, um herói de desenho animado ou alguém que admirávamos. Assim, ao longo do tempo, copiando comportamentos e atitudes, trejeitos ou maneiras de falar, utilizando frases feitas, adotando certos valores, gostando de um time de futebol ou usando roupas semelhantes, passamos a nos reconhecer como pessoas, como alunos, como filhos, descobrindo as novidades dos nossos papéis existenciais e criando, na sequência, o nosso próprio estilo, nosso próprio jeito de ser, utilizando a nossa inteligência, nossa criatividade, desviando dos caminhos dos modelos que nos serviam de base para aprender a nos comportar e responder aos estímulos diversos do dia a dia, do nosso jeito.

Lembro-me de uma pequena história, em que havia um mestre e os seus discípulos e um desses discípulos adorava o mestre, aprendia rapidamente tudo o que ele ensinava e se preparava para ser um tipo de monge ou religioso. E assim foi ao longo dos anos. O mestre ensinava algo e logo o discípulo fazia exatamente o que havia aprendido e repetia os ensinamentos do mestre.

O tempo foi passando e o discípulo já não comparecia, suas vindas tornaram-se raras, até sumiu. Pior ainda, quando um outro discípulo o viu pregando, ensinando a um outro grupo e para a sua surpresa, ensinava coisas diferentes das que havia aprendido com seu mestre. Assim, decepcionado, foi logo falar com o mestre para dizer da ingratidão do seu colega, como podia ele, que era tão dedicado, ensinar coisas diferentes? O mestre, por sua vez, ouviu silenciosamente e, após esse relato, ficou com uma expressão serena e um olhar amoroso e disse com ternura: – Com esse discípulo eu terminei o meu trabalho, ele está pronto.

Lembro-me do meu antigo mestre no campo da oratória, o Professor Oswaldo Melantonio, a quem, com gratidão, presto uma singela homenagem ao citá-lo e reverenciá-lo, pois foi o meu grande ídolo, inspirando-me, servindo-me de guia e apoiando-me nos meus primeiros passos como professor no campo da oratória. Via em mim um grande potencial e tinha um cuidado especial em me orientar, exigir mais e mais para que eu fizesse os exercícios que ele dava, corrigindo-me, estimulando para eu me aperfeiçoar mais e mais, demonstrando sua crença de que eu seria um grande professor e, a exemplo dele, ajudaria muitas pessoas no desenvolvimento dessa habilidade, facilitando-lhes o crescimento profissional e a felicidade pessoal por meio do aprimoramento da habilidade de comunicação verbal.

Lembro-me uma vez que o convidei para assistir a uma palestra que eu faria sobre comunicação e, para minha alegria (e apreensão, confesso), ele aceitou o convite e assistiu a palestra. No final, prestei a ele uma homenagem, agradeci a sua presença e ele falou, com a humildade que lhe era característica, que ficava feliz, pois viu naquele momento o aluno que superara o mestre.

Claro que não entendi a felicidade que ele sentia naquele momento, a exemplo do mestre e o seu discípulo, que deve ter dito a mesma coisa com palavras diferentes: – Com esse aí, terminei o meu trabalho.

É comum um artista, um cantor, por exemplo, imitar alguém no seu início de carreira ou um consultor fazer igual ao seu mentor, uma filha imitar a mãe ou um filho agir exatamente como o pai, imitarmos e aprendermos com quem nos ensina algo novo. Aprendemos, aprendemos e depois passamos a fazer as mesmas coisas de um modo diferente, modificando aqui ou ali, dando o nosso cunho pessoal, evidenciando, nesse sentido, a nossa identidade e a nossa personalidade.

Proponho que reflita e identifique quais foram as pessoas que te inspiraram a fazer o que você faz, que te estimularam a ser essa pessoa fantástica e extraordinária que se tornou e se foram coisas boas que aprendeu e te ajudaram a ter sucesso e a se desenvolver, agradeça ou se já partiu desse mundo, faça uma oração, com humildade e reconhecimento, pois se você chegou aonde chegou, foi essa, ou foram essas pessoas que te serviram de modelo que te alavancaram ou te inspiraram para a sua realização pessoal ou profissional.

Por fim, lembre-se da sua responsabilidade, atuando como exemplo, como modelo, como ídolo para outras pessoas que se miram em você para buscarem sua evolução. Sugiro que dê a elas uma atenção especial, apoiando-as, estimulando-as e sinta-se feliz com essa oportunidade de plantar sementes, mesmo que não haja um reconhecimento explícito, e a sua recompensa será a sua consciência por ter feito esse bem para alguém.

Reinaldo Passadori

COMPARTILHE
Facebook
X
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
COMPARTILHE
Quem te inspirou para ser quem você é?