Impressiona-me como temos pouca consciência do real valor de certos atributos que asseguram a nossa vida e a nossa evolução. Nesse contexto, destaco algumas forças invisíveis, tais como o ar que respiramos, a força da gravidade que nos mantém firmes ao solo, os nossos sentidos, pelos quais percebemos a vida, a força e o poder das palavras.
A palavra, por exemplo, como escreveu José de Alencar, “Esse dom sublime que Deus deu ao homem e recusou a todos os outros animais, é a mais sublime expressão da natureza. Ela revela o seu poder criador e reflete toda a grandeza da sua alma divina. Incorpórea como o espírito que a anima, rápida como a eletricidade, brilhante como a luz, colorida como o prisma solar, apodera-se do nosso pensamento e o esclarece com os raios da inteligência que leva no seu seio”.
Esse dom celeste que Deus tem e teve o poder de fazer com que a nossa espécie chegasse até onde chegou ao compartilhar as histórias em volta das fogueiras, através dos milhares de séculos que direcionou a evolução da humanidade, corrobora, vertiginosamente nas mudanças, aceleradas nos últimos séculos e acentuada pela revolução industrial.
Com o avanço das tecnologias e a globalização proporcionada pela Internet, conseguimos em poucos segundos nos comunicarmos com pessoas em qualquer lugar do planeta, sabendo o que ocorre em cada canto por meio dos veículos de comunicação ou um simples telefone celular.
Embora tenhamos tanta facilidade nos meios para a transmissão das informações, o que realmente importa é o conteúdo, o significado que ela representa. Vamos a algumas dessas considerações:
A palavra dada – Creio ser um dos nossos bens mais preciosos, pois mostra nossa seriedade ao assumirmos um compromisso ou quando empenhamos a nossa palavra em uma palavra ou um juramento. Até mais do que uma assinatura em um contrato ou um documento registrado em cartório. Os antigos diziam que os negócios eram feitos no “fio do bigode”, ou seja, consistia em dar em garantia da palavra empenhada um fio da própria barba, retirado em geral do bigode.
Pela nossa palavra dada, mostramos nosso caráter, se somos ou nos tornamos pessoas críveis ou não, se somos confiáveis e sabemos guardar um segredo ou manter os nossos compromissos.
A palavra como nossa existência – Ao afirmarmos EU SOU, passamos a ter a consciência da nossa existência como seres humanos, da nossa identidade a partir do nosso nome, da nossa personalidade, de quem sou eu.
Ao dizermos “Eu sou”, demonstramos o que pensamos e o que sentimos, o que acreditamos e julgamos como certo ou errado. Assumimos nesse momento, ser responsáveis pelas qualidades e características que julgamos ser possuidores. Como exemplo, posso simplesmente dizer: Eu Sou Reinaldo Passadori e continuar com outras qualidades que julgo possuir ou que procuro desenvolver em mim em uma afirmação, como essa: Eu sou Reinaldo, sou um homem nobre, honrado, amoroso e próspero, vivendo alegre e conscientemente a essência da minha existência.
Diante disso, devemos tomar todo o cuidado quando dizemos “Eu sou”, uma vez que na fala, potencializo a minha identidade e reforço as minhas crenças. Lembrando que as crenças determinam os meus caminhos, as minhas realizações, de onde emanam as forças motrizes para o impulso da ação.
Palavras limitantes – Nem sempre temos consciência das programações existenciais as quais fomos submetidos, fruto das palavras ouvidas pelos nossos pais, educadores ou pelas pessoas que, de algum modo, nos exerciam alguma influência. Deixar que uma criança ouça “Você não é capaz” ou “Você é um incompetente”, ou “Você me deixa de cabelos brancos” e tantas outras frases desse teor que para um adulto nada significam, pode ser tão impactante a ponto de gerar profundos traumas, e também, problemas psicológicos na formação da personalidade. Se os pais soubessem o quão negativo podem ser esses estímulos, jamais os fariam, mesmo em tom de brincadeira.
Aproveito para te perguntar se, mesmo inconscientemente, você faz isso com seus filhos ou com as pessoas que convive?
Outro impacto extremamente negativo acontece quando a pessoa diz em tom de afirmação para ela mesma: “Eu não posso”, ou “Eu não sou capaz”, ou “Quem? Eu? Nem pensar!”. Ou ainda, frases que mostram ceticismo ou pessimismo: “Não vai dar certo!”, ou “Isso é impossível!”, “Nem a pau!”
Palavras transformadoras – Do mesmo modo que existem palavras limitadoras, há do outro lado, frases de incentivo e de ação, promotoras de revoluções, transformações, evolução, quer sendo ditas para outras pessoas ou para si mesmo, por exemplo: “Sim!”, “Acredito em você!”, “Vai dar certo!”, “Estou contigo e não abro!”, “Fé em Deus e pé na tábua!”, “Conte comigo!”, “Eu posso!”, “Eu sou capaz!”, “Deixa comigo!”, “É pra já!”.
Até curas milagrosas ocorrem quando externamos a nossa fé por meio de expressões positivas como: “Eu sou saudável”, “Eu mereço!”, “Eu quero!”.
Há uma oração havaiana considerada mágica por ter gerado curas de doenças mesmo à distância, que propõe mudar padrões negativos e que nos leva à perfeição. A sugestão é praticá-la diariamente. Significa repetir, como um mantra as palavras: – “Eu sinto muito”, “Me perdoe”, “Eu te amo”, e “Sou grato”.
Palavras de direção – Para onde você quer ir? Para cima ou para baixo? Para a direita ou esquerda? Para frente ou para trás?
Além dos significados específicos de cada direção, há os subliminares, por exemplo, para cima ou para baixo pode significar céu ou inferno, direita ou esquerda pode significar tendência político-partidária, para frente ou trás, evolução ou retrocesso. Além disso, a direção pode determinar os seus objetivos, seus sonhos, suas metas a serem realizadas, os caminhos que poderão ser trilhados, as forças impulsionadoras ou restritivas para a realização, ou não, dos seus objetivos.
A palavra como meio de comunicação – A palavra por si só tem seu significado, mas de nada adiantaria se não estivesse atrelada às rígidas regras da gramática, do idioma e do vocabulário. Cada língua tem suas nuances, mas cada qual com a identificação do sujeito, do predicado, da ação, do tempo e do verbo. Só para exemplificar, há uma pequena definição da hipótese, que diz: “Hipótese é aquilo que não é, mas que a gente faz com que seja para ver como é que seria se fosse”. Imagine dizer isso sem uma estrutura gramatical. Ficaria difícil, não é mesmo?
A palavra como expressão dos seus valores pessoais – Quais são os seus valores? Você tem noção de quais são eles? Se sim, quais os principais? Vejo os valores como a seta de uma bússola apontando para uma direção e se não são conscientes, não temos clareza do quão as decisões e escolhas que faço estão alinhadas ao contexto. Certa vez, realizei um trabalho personalizado de consultoria a um alto executivo de uma empresa. Ele tinha uma tendência a diminuir-se, a dizer coisas negativas sobre si mesmo, a tirar o brilho da sua imagem falando algo negativo sobre incompetência ou pessimismo. Pedi a ele um exercício para o dia seguinte: Trazer uma relação de cinquenta características positivas que ele possuía. Assustou-se, dizendo que não viria no dia seguinte, pois não concebia essa possibilidade. Devagar, com jeito, fiz algumas perguntas sobre pontualidade, bondade, cultura, honestidade e ele foi reconhecendo em si mesmo essas qualidades. No dia seguinte, aparece ele com as cinquenta características positivas. Todos as temos e você, tem consciência das suas?
Para ajudar nessa identificação, relaciono algumas para você: Bondade, generosidade, altruísmo, flexibilidade, determinação, bom humor, autocontrole, coragem, amigo, adaptabilidade, iniciativa, pontualidade, responsabilidade, comprometimento, alegria.
A palavra como expressão das emoções – Que maravilha é essa que permite dizer aquilo que sinto? Certo é que cada qual tem seus conceitos sobre suas sensações e nunca saberemos se o que sinto é, efetivamente, o que o outro sente, mas podemos nos aproximar das manifestações das emoções e as externarmos por meio das expressões: “Eu estou triste”, ou “Estou alegre, Estou com raiva”, “Estou apaixonado”, “Estou apavorado”, “Estou preocupado”. Do mesmo modo, podemos ouvir as palavras que expressam as sensações e emoções das outras pessoas a fim de nos completarmos, conversarmos e trocarmos experiências.
Assim podemos dizer, que existimos porque existe a palavra e evoluímos porque aprendemos a utilizá-la – e superamos nossos problemas, porque aprendemos a nos comunicar. Fico feliz por saber que essa é a matéria-prima do meu trabalho, e que contribuo para que as pessoas possam aperfeiçoar seus conhecimentos e habilidades na sua vida prática, quer seja proferindo palestras, participando de reuniões, liderando, vendendo, negociando, seduzindo, encantando pessoas e mudando o mundo.
Finalizo com outro trecho do texto “A Palavra” de José de Alencar que diz: “A palavra tem uma arte e uma ciência: como ciência, ela exprime o pensamento com toda a sua fidelidade e singeleza; como arte, reveste a ideia de todos os relevos, de todas as graças, e de todas as formas necessárias para fascinar o espírito.”