Diante de tantas adversidades e donos da verdade, campanhas políticas na qual ouvimos absurdos por parte de candidatos tentando influenciar eleitores através de piadas de péssimo gosto, defendendo seus próprios interesses. Também temos as críticas desnecessárias ou comentários, reportagens, cenas de novelas e de programas de auditório nesse viés interesseiro, somado às dificuldades impulsionadas pelo momento da pandemia do Covid-19, violência, número de infectados, medidas sobre confinamentos, suspeita de fraudes nas eleições, tudo leva a uma convergência de atenção para o ruim, o pior, o mal, gerando tensões, medo, ansiedade, incertezas no porvir.
É hora de uma reação positiva, de saber lidar com a baixa frequência instalada na nossa cidade, no nosso estado, no nosso país. Se acompanharmos esse fluxo e não reagirmos, também ficaremos contaminados, não pelo vírus do Coronavírus, mas pelo vírus do desânimo, da irritação, da raiva, da impaciência, da insegurança e ansiedade.
Ao ler um artigo que falava sobre flow, que significa “fluir”, ocorreu-me abordar esse assunto. Isso porque se trata até de uma questão de sobrevivência ou de nos afastarmos um pouco desse foco de tensão. Esta tensão, se permitirmos, dominará nossa vida.
Não creio que a vida seja apenas sobreviver, mas viver plena e intensamente cada momento.
Há uma máxima atribuída à Análise Transacional, um estudo sobre comportamento humano, que diz:
“O mais importante da vida é viver o aqui e agora, sentindo emoções autênticas e, mais importante, tendo consciência dessas emoções”.
Participo de um grupo chamado “Quarto Caminho”, nome dado à escola de George Ivanovitch Gurdjieff, que concluiu que, por estar sujeito a condições adversas, o homem vive em um nível de consciência muito abaixo do seu potencial. A essa condição ele chamou de “estar adormecido” e a busca por mudar esse estado tornou-se a pedra fundamental de todo o seu trabalho. Eram conhecimentos guardados em mosteiros e pouco difundido e, recentemente compartilhado no ocidente com quem se interessa por esse tipo de assunto. Objetivo desse estudo, é a consciência do momento presente, ou seja, a percepção sobre o corpo, sobre os pensamentos e as emoções no momento em que estão ocorrendo.
Vivemos como máquinas, com rotinas, com vícios, padrões pré-estabelecidos, influenciados pelo meio ambiente, pelas notícias e todo o tipo de estímulo externo e interno, gerado pelas nossas crenças e pensamentos. O grande desafio é acessar a esse tipo de percepção sutil, conseguida quando acalmamos os nossos pensamentos, relaxamos o nosso corpo e estamos equilibrados emocionalmente.
A meditação é o caminho para esse estado profundo de paz interior e conseguimos acessar um nível diferente de sensações, que podemos chamar de “estado de presença”.
Um bom exercício para isso, se nunca fez meditação, é procurar um lugar calmo e seguro, ficar em uma posição sentado, coluna ereta, respirando normal e calmamente, olhos fechados, se possível, com uma música relaxante e, desse modo, acessando níveis mais profundos da consciência e, como diz a Monja Coen, missionária oficial da tradição zen-budista Soto Zenshu, conseguir esse resgate para voltar ao mundo para responder às provocações da realidade e não apenas para reagir a elas.
Ao vivermos tensos com os problemas que nos afligem, tais como conflitos familiares, excesso de trabalho, falta de sono, insônia, alimentação inadequada, stress financeiro, falta de perspectivas profissionais, desemprego, pessoas morrendo ou sofrendo pela pandemia, geramos para nós mesmos doenças psicossomáticas que podem culminar em reais problemas de saúde, como gastrite, enxaqueca, paralisias, depressão, cegueira, dores de cabeça, úlceras gástricas, diarreia, prisão de ventre, dores no peito, coceiras, redução do desejo sexual etc.
De acordo com estudos da Universidade de Harvard, que publicou um estudo recente, a nossa mente fica distraída praticamente 47% do tempo, mostrando que ficamos quase metade da nossa vida, quando acordados, vivendo de lembranças do passado ou no futuro, nos esquecendo do momento presente.
Um outro estudo mais recente, feitos por um médico americano, Kabat-Zinn, de Massachusetts, é o Mindfulness, que escreveu o livro “Wherever You Go, There You Are: Mindulness Meditation in Everyday Life”, que prega que devemos ao viver o agora e não ficarmos tão ansiosos em relação ao futuro.
Os benefícios principais da prática do Mindfulness são:
- Desenvolvimento da inteligência emocional;
- Autoconhecimento;
- Capacidade de concentração;
- Controle da ansiedade;
- Melhora nos relacionamentos;
- Reduz o envelhecimento do cérebro;
- Aumento na capacidade da memória;
- Aumento da criatividade.
Por fim, considere que nem sempre vivemos a nossa vida do jeito que gostaríamos e por vezes dependemos consciente ou inconscientemente de outras pessoas, quer seja da aprovação, aceitação, de elogios, de sermos aceitos. Em maior ou menor grau, temos necessidades de atenção e afeto e por isso nos submetemos a certos comportamentos que não refletem nosso jeito de ser, pensar e sentir e daí surgem a tensão, o stress, os riscos da “Síndrome de Burnout”, que é um distúrbio psíquico causado pela exaustão extrema, sempre relacionada ao trabalho. Essa condição também é chamada de “síndrome do esgotamento profissional” e afeta quase todas as facetas da vida de um indivíduo.
Para você resgatar ou agir proativamente e manter sua qualidade de vida, viver alegre e feliz, pensando positivamente, tendo um corpo saudável, sabendo lidar com seus pensamentos e com as suas emoções de maneira congruente e equilibrada, sugiro algumas práticas simples:
- Preste atenção em tudo o que faz, desde ações simples como lavar as mãos, escovar os dentes, vestir sua roupa, pentear-se, andar, fazer gestos, sinais e movimentos. Observe seu corpo, as articulações, a temperatura do ambiente, a sensação da sua roupa tocando sua pele.
- Observe seus pensamentos, a sequência ininterrupta de imagens que passam pela sua cabeça, suas ideias, seus insights, o que pretende fazer, lembranças boas e ruins, sua maneira de interpretar tudo o que vê e acontece.
- Preste atenção na sua respiração, na entrada do ar nos seus pulmões, na expiração, se aspira pelo nariz, se solta o ar pela boca.
- Perceba os cheiros, os perfumes, os odores que te cercam, feche os olhos para focar mais a sua atenção, associe com cheiros conhecidos, identifique se são agradáveis ou desagradáveis para você.
- Observe a maciez ou dureza dos objetos, sua consistência, textura, temperatura, se são lisos ou ásperos.
- Ao colocar um alimento na boca, mastigue, mas saboreie, aprecie, perceba a temperatura, os detalhes do alimento ou da bebida ingerida.
Dessa forma, aguçando a sua atenção, irá notar, gradativamente consciência dos pequenos e grandes eventos da sua vida e, consequentemente, com esse novo padrão de observação, desfrutando mais, vivendo mais, sentindo mais prazer em tudo que faz.
Gostou do artigo? Quer saber mais sobre mindflow e consciência? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.