Sou professor de oratória há 40 anos e participei de vários congressos e seminários nos Estados Unidos e sempre busquei recursos, participando de palestras, adquirindo livros e vasto material relacionado à arte da comunicação verbal e desde há muito tempo, tenho acompanhado a evolução e a preocupação, nos Estados Unidos, no desenvolvimento dessa habilidade para os seus alunos e para os profissionais em geral.
Em relação ao Brasil, infelizmente, a oratória não é considerada na grade escolar na maioria das instituições, muitas vezes sendo até negligenciada na vida adulta, embora mais e mais vemos cursos particulares se proliferando em todo o território nacional, mas por iniciativas de escolas independentes.
Pesquisei e apresento como a oratória é desenvolvida desde o ensino fundamental até níveis superiores de ensino, causando-me grande apreensão, tendo em vista a importância de uma pessoa saber como expor com clareza e segurança o seu posicionamento e aqui pouca importância se dá a um assunto fundamental.
- Ensino Fundamental (Elementary School – dos 6 aos 10 anos)
- Atividades orais frequentes: show-and-tell (mostrar e contar), leitura em voz alta, apresentações simples de projetos escolares.
- Ensino Médio (Middle e High School – dos 11 aos 17 anos)
- Debates em sala de aula: temas sociais, ambientais, éticos. Ensina argumentação, escuta ativa e respeito ao contraditório.
- Speech Class / Public Speaking: em muitas escolas, há aulas específicas de oratória como disciplina formal ou eletiva.
- Clubes de discurso e debate (Speech and Debate Clubs):
Muito populares, com competições regionais e nacionais (ex: National Speech & Debate Association).
- Participação em eventos escolares: como mestre de cerimônias, líderes de classe, representação estudantil.
- Universidade
- Cursos obrigatórios de comunicação oral: muitas universidades exigem ao menos uma disciplina de “Public Speaking” ou “Effective Communication”.
- Palestras e apresentações frequentes: os alunos são expostos a apresentações em seminários, simpósios e defesas de trabalhos, com avaliação da clareza, postura e impacto.
Além disso, da formação institucionalizada de oratória, busquei saber quais são as técnicas utilizadas no Vale do Silício, que é o ponto de referência em inovações tecnológicas e avanços na Internet e foi onde grandes nomes como Mark Zuckerberg e Steve Jobs ergueram seus impérios, que hoje geram grandes fortunas.
As principais técnicas de oratória desenvolvidas para os profissionais do Vale do Silício são:
- Storytelling structured (Setup – Conflict – Resolution)
É uma técnica narrativa que apresenta um cenário inicial, um problema (conflito) e sua resolução.
Aplicação: Usado em pitches, apresentações de produtos, lançamentos e reuniões estratégicas. Ex: contar como um problema real inspirou a criação de uma solução
- Metáforas e analogias visuais
É a Utilização de imagens mentais ou comparações simbólicas para traduzir conceitos abstratos.
Aplicação: Ao explicar tecnologias complexas ou modelos de negócios. Ex: “A blockchain funciona como um livro-razão aberto e inviolável.”
- Elevator Pitch
Trata-se de um discurso objetivo (30 a 60 segundos) com o essencial de uma ideia.
Aplicação: Em eventos, encontros com investidores, networking, vídeos rápidos.
- Técnica de TED Talks
É um estilo que combina narrativa pessoal, clareza, estrutura lógica e impacto emocional.
Aplicação: Palestras públicas, conferências e conteúdos gravados.
- Slides minimalistas (estilo Steve Jobs)
São apresentações visuais com poucas palavras, imagens impactantes e design limpo.
Aplicação: Keynotes, apresentações para clientes, lançamentos.
- Retórica socrática (perguntas provocativas)
O que é: Uso de perguntas estratégicas que instigam reflexão ao invés de dar respostas diretas.
- Aberturas fortes e encerramentos marcantes
O que é: Começar com um gancho (história, dado, pergunta) e terminar com um impacto emocional ou chamado à ação.
Aplicação: Em qualquer fala pública – início e fim são os momentos mais memoráveis.
- Participação ativa do público
O que é: Fazer perguntas, promover interações rápidas, levantar a mão, usar enquetes.
Aplicação: Em workshops, aulas, apresentações corporativas.
- Variedade vocal: entonação, pausas e ritmo
O que é: Alternar intensidade, velocidade e pausas para manter o interesse e reforçar o conteúdo.
Aplicação: Em apresentações longas, especialmente técnicas.
- Linguagem corporal expansiva (Power Posing)
O que é: Uso de posturas abertas e gestos amplos para expressar segurança.
Aplicação: Desde a entrada no palco até as pausas no discurso.
Considerando que sempre estivemos atentos às principais técnicas de oratória no Brasil e no mundo, posso afirmar, com muita tranquilidade que aqui no Brasil temos os mesmos recursos que existem nos Estados Unidos e em outros países e, ainda mais, utilizamos gravações com feedback e criamos uma metodologia exclusiva, que é o Método F.A.L.A.R., apoiando os participantes desde a definição do objetivo, análise da situação de realidade, lapidação, avaliação e resultado.
Como consequência, nossos objetivos em relação aos nossos alunos de escolas são:
- Estudantes mais confiantes, críticos e participativos.
- Redução de ansiedade ao falar em público.
- Melhor desempenho acadêmico geral.
- Preparação para entrevistas, provas orais e vida profissional.
- Ampliação do senso de cidadania e protagonismo juvenil.
E no ambiente corporativo, profissionais:
- Seguros de sua fala, expressando-se com segurança, técnica e naturalidade.
- Domínio do assunto, devidamente roteirizado, com começo, meio e fim.
- Fazendo valer, apropriadamente o seu real potencial e competência profissional.
- Ampliando sua empregabilidade, tornando-se líderes conscientes e assertivos.
- Comunicando-se com beleza, impacto e poder de influência.
Há ainda muito a se fazer nesse campo, atuo há 40 anos e treinei mais de 120.000 profissionais e há muitas pessoas precisando aprimorar essa habilidade.
Concluo com algumas simples perguntas:
E você? Está pronto para proferir uma palestra? Dar uma aula? Conceder uma entrevista? Apresentar sua tese de mestrado ou doutorado? Liderar como exemplo?
Reinaldo Passadori
23-04-25