Dentre os pequenos orgulhos, confesso, uma certa vaidade pessoal, figura um livro que escrevi e demorei mais de dois anos para elaborá-lo. Muitos livros e autores foram consultados, mesclados com as experiências de milhares de horas em sala de aula, atuando como professor ou facilitador, muitos questionamentos, busca por novidades, lendo muito e aprendendo bastante. O livro ganhou o título de “Quem Não Comunica Não Lidera”, fazendo uma abordagem direta ao bordão tão conhecido, mas sempre atual do antigo apresentador Chacrinha, que dizia “Quem Não Comunica Se Trumbica”.
Publicado pela Editora Atlas, depois assumida pelo Grupo GEN, teve muito sucesso, estive em palestras divulgando este trabalho em associações de RH, Universidades em vários lugares. O livro tornou-se referência nesse contexto – Comunicação X Liderança.
Costumo dizer, com propriedade, creio, que embora seja possível haver bons comunicadores que não sejam líderes, o contrário não é verdadeiro, ou seja, não se pode conceber um líder que não saiba se comunicar.
Dentre as abordagens do livro, que tive o privilégio de ter como prefaciador, o Sr. Luiz Carlos Trabuco Cappi, ex-Diretor/Presidente do Banco Bradesco S/A, escrevi sobre a revolução da liderança, o líder de hoje e de amanhã em um mundo de mudanças e transformações tão drásticas e rápidas, impulsionadas pelo vertiginoso avanço da tecnologia.
Propus reflexões e exercícios em vários setores da comunicação na liderança, sugerindo que cada leitor fizesse uma nova autobiografia com as sugestões ali apresentadas, nos seguintes contextos: liderança empática, comunicação não verbal, a voz como elemento de persuasão, a tecnologia a seu favor, liderança estratégica, liderança inspiradora, baseada em valores e, principalmente, a comunicação intrapessoal ou AUTOLIDERANÇA.
Vou focar nesse tema para convidar você para repensar as suas estratégias, compartilhando as ideias fundamentais propostas para repensar a si mesmo sob a ótica de uma nova biografia.
Vou reproduzir os itens fundamentais desse capítulo, apresentando os tópicos mais importantes.
Bem, aqui tem início a história de um novo líder narrada pelo próprio autor: você. Como em qualquer autobiografia que se preze, você a escreverá na primeira pessoa do singular. Para auxiliá-lo nessa etapa, iremos recorrer à comunicação intrapessoal, o diálogo interno, ou seja, irá falar consigo mesmo, olhar para dentro de si e descobrir ou redescobrir a pessoa que você é. Lembre-se, onde quer que você irá atuar como líder – seja em uma pequena ou uma grande organização, seja com um pequeno ou um grande número de pessoas – precisará ter muita clareza sobre QUEM É VOCÊ! E é sobre isso que você escreverá a seguir.
Inicie como preferir, colocando resumidamente seu nome, descrição e/ou seu temperamento, um breve currículo e preferências pessoais de lazer. Por exemplo: Meu nome é P, meu apelido Tuca. Tenho (…) anos, minha profissão é (………). Me considero uma pessoa extrovertida e adoro jogar tênis. Fisicamente, sou do tipo… Caso não consiga escrever mais do que cinco linhas, use uma técnica simples: imagine que está em uma sala de espelhos, onde as paredes, teto e chão espelham você. A sua única opção é verse sob todos os ângulos – a não ser que feche os olhos e prefira desistir, mas, como líderes não fecham os olhos diante da realidade, sei que você não irá desistir.
Agora, diga: o que você vê ao se olhar? Escreva nas linhas ao lado.
Uma boa tática é responder a si mesmo às seguintes perguntas: quem sou eu? Qual o meu propósito, qual a minha missão nessa vida? O que é realmente importante para mim? O que pretendo fazer para conseguir o meu propósito?
Muita gente, nesta fase de redescoberta e reconhecimento, sente-se inquieta, olha o relógio, tem vontade de deixar para continuar sua autobiografia amanhã. Isso ocorre geralmente porque “vemos” alguma Característica da qual não gostamos, por exemplo, egoísmo, intolerância, inveja. Ninguém quer se defrontar com esse tipo de característica e embaçar a imagem que tem de si mesmo. Se isso serve de consolo, acontece com 100% das pessoas. É como eu digo: nada mais humano do que SER humano, o que significa possuir grandezas e fragilidades.
Aproveite para fazer uma lista de suas grandezas e outra de suas fragilidades. Faça tudo com sinceridade. É fundamental evitar a grande tentação de enganar a si mesmo. Lembre-se, essa é uma “conversa” entre você e você! O famoso “diálogo interno”. Está com dificuldade neste passo? Existem ferramentas que podem ser de grande ajuda, como os testes e descrições de classificação de tipos. Particularmente, acho muito eficientes os perfis apresentados pelo Eneagrama. Analise os nove tipos, sempre lembrando que você pode ter características de mais de um tipo. Liste as que mais se enquadram no seu perfil atual e passe resumidamente para a sua autobiografia.
A seguir, fale sobre a sua imagem externa, sobre como acha que as pessoas veem você, o que costumam dizer sobre você. Importante também descrever como é o seu relacionamento com as pessoas. Você tem muitos amigos, prática a reciprocidade? Anote ao lado.
Já temos aí um bom começo. Mas uma autobiografia interessante também revela conceitos de vida, sentimentos, valores! São características como estas que farão de você uma pessoa única, um líder com luz própria. Isso pode significar entrar em outra “sala de espelhos”, dessa vez uma sala interior, dentro da sua mente, dentro do seu coração. Quais são suas crenças? Quais são os seus valores? O que precisa mudar em você? O principal benefício aqui é reforçar os pontos destacados no início do capítulo, da autoestima a autoconfiança, fundamentais para a autoliderança.
Esse primeiro passo começará a transformar a sua forma de ver a si e aos outros. E levará ao seu rosto uma expressão franca e confiante – a expressão de um novo líder.