A arte da gentileza

A arte da gentileza

Ser gentil faz parte da essência do ser humano. A humanização é um dos principais valores em processos de liderança e relacionamento entre as pessoas de uma organização.

Seja gentil

Atualmente, você conhece pessoas que sejam gentis, educadas, pedem por favor, pedem desculpas, com licença ou oferecem alguma ajuda?
Afinal, a gentileza é uma qualidade que estabelece uma condição positiva ao redor de quem assim é. Ser gentil é saber respeitar, ser amável, falar em tom ameno, não agredir, nem na forma, nem no conteúdo da fala, nem no olhar agressivo, nem com expressão autoritária. É um ato simples que pode
ser considerado normal. Geralmente, se cria um clima positivo e alegre, trazendo benefícios a todos os envolvidos nesse contexto.

Há muitas maneiras de se manifestar com gentileza, desde um sorriso acolhedor, uma palavra amiga, um jeito educado de tratar, de ajudar alguém com alguma dificuldade, podendo até resvalar para o caminho da empatia, na qual uma pessoa se predispõe a entender mais profundamente uma outra em um processo empático. Quando somos gentis, automaticamente, estimulamos outras pessoas a serem também conosco, como um espelho, no qual recebemos as respostas semelhantes aos estímulos que geramos. A natureza é sábia quando nos mostra que colhemos aquilo que plantamos, tanto que se sou agressivo, é bem provável que as pessoas ao meu redor fiquem amedrontadas e tendem a responder no mesmo nível de agressividade que foram tratadas.

Uma das principais características da gentileza é aceitar as pessoas como são, ser flexível e resiliente para respeitar cada qual na sua individualidade e estilo de ser, nas suas necessidades e sentimentos.
No meu entendimento, tem a ver com amor ao próximo, a arte de ouvir e compreender as diferenças, a flexibilidade necessária para haver o exercício da compaixão e o profundo exercício da paciência. Por outro lado, ser gentil não significa ser fraco ou passivo, pelo contrário, ela pode ser uma forma poderosa de liderança e influência. Quando somos gentis com os outros, estamos criando um ambiente de confiança e respeito mútuo, o que pode nos ajudar a liderar com mais eficácia.

A gentileza também pode ajudar a reduzir conflitos e resolver problemas de forma eficaz. Quando somos gentis com os outros estamos demonstrando nossa disposição de ouvir e entender suas perspectivas e necessidades. Isso pode nos ajudar a encontrar soluções criativas e satisfatórias para todos os
envolvidos. Uma das maiores dificuldades àquelas pessoas irritadas, agressivas, impulsivas, impacientes e outros comportamentos contrários à gentileza é identificar possíveis agentes causadores desses padrões comportamentais; quando se sentem ameaçadas e, quando isso ocorre, naturalmente criam-se cascas de proteção para não se sentirem assim. O único problema é que essas cascas ou escamas que as protegem de interferências externas, impedem também que as outras pessoas se expressem com amorosidade e bondade, se tornando frias, insensíveis e, naturalmente, com a falsa sensação de segurança.

Um comportamento frio ou agressivo dificulta o relacionamento, e pode refletir pelo lado da desconfiança, gerando frustrações e mal-entendidos, dificultando os objetivos que se conseguem com uma boa e efetiva comunicação, como vendas, negociações bem-sucedidas e liderança. Aliás, a comunicação é bloqueada quando as pessoas se sentem ameaçadas e tendem a adotar posturas de autodefesa para evitar dissabores e frustrações, provavelmente já ocorridas no passado, mas nem sempre com a razão para existirem atualmente, ressoando como um trauma; e os comportamentos obviamente não são os mais adequados a um contexto positivo e produtivo.

Como então, lidar com essa postura defensiva e negativa, geradora de desentendimentos e desconfiança, criando uma contrapartida também negativa? Primeiramente, é necessário entender que existe essa dificuldade, pois isso requer uma avaliação honesta da situação, identificando prováveis ameaças, talvez fictícias e, posteriormente, controlar o excesso de zelo e proteção, permitir-se a expressar sua bondade, generosidade, além de simpatia pessoal, respeito às outras pessoas, além de confiar em si e nos demais para ser merecedor também da confiança das demais pessoas.

Entre outras características, encontrei em um livro de Piero Ferrucci, chamado “A arte da gentileza”, que apontam alguns tópicos relativos a esse tema, dentre os quais, destaco:

  • Honestidade – que acontece em duas direções, para conosco mesmo e para com as outras pessoas. Quanto mais transparentes, mais rapidamente percebemos o nosso bem-estar.
  • Calor Humano – requisito fundamental para a transformação, tornando a vida mais acessível. Sob sua influência, é mais fácil pedir um favor, aceitar e ser aceito, rir e se divertir. O calor humano gera uma gentileza duradoura.
  • Perdão – Significa não alimentar a raiva gerada por uma situação difícil, fazer as pazes com o passado, pois a vida segue…
  • Confiança – Anda de braços dados com a gentileza. Confiar é ser gentil com as pessoas. Há três aspectos da confiança: a autoconfiança, a confiança dada e a recebida.
  • Atenção plena – É a maneira pela qual a gentileza se manifesta; sem uma, a outra não existe, nem calor humano, nem proximidade, nem relacionamento.
  • Humildade – Está ligada ao aprendizado e renovação interna.
  • Flexibilidade – É uma forma de sabedoria, inteligência adaptada ao momento presente, pois quem sabe entender os menores sinais de mudanças, possui a facilidade para se adaptar às novas condições.
  • Alegria – Condição básica para a existência da gentileza. Um dos componentes da gentileza é a alegria.

Reflexão

Por último, Ferrucci conclui que estamos cercados de oportunidades para sermos gentis e a vida colabora para que isso ocorra, basta apenas estarmos de olhos abertos para ver as chances de expressar e cultivar a gentileza.

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